Eu é que não sou Parvo!

Há quem se queixe de tudo e alguma coisa. Há quem até se queixe dos outros não se queixarem. E há aqueles para quem está sempre tudo bem, tudo na boa (tal postura é normalmente reconhecida como uma qualidade – « o gajo é um porreiro! ».
Mas se calhar nenhum deles tem razão. Parece-me óbvio que há que criticar. Há que observar, refletir e criticar, pois aceitar tudo é sinal de preguiça e conformismo, postura de que sou praticante involuntário e acérrimo defensor, mas apenas para o período post-mortem.
Mas também há que saber fazê-lo na dose certa. E acima de tudo, fazê-lo com um intuito construtivo, tentar traduzir as críticas em actos concretos e lutar efectivamente pela melhoria, mesmo quando o status quo parece demasiado enraízado e o sentimento de impotência, ou de sermos muito pequeninos, seja muito.

Com a devida vénia, a luta de um só homem (mas não um homem só) contra as imbecilidades dos outros. Incompetência RUA!:


Exmos. Srs.

Venho por este meio perguntar porque razão os Senhores distribuem 2 folhetos de publicidade Media Markt por caixa do correio e deixam 20 (vinte para o caso de não conseguir ver bem os números e pensar que são 2) folhetos por cima das referidas caixas do correio. Isto num prédio onde moram apenas 4 (quatro, para o caso de ter lido quarenta) pessoas!

Obviamente que V.Exas são pessoas com bom senso e concordarão comigo quando considero isto um exagero e um abuso da vossa parte.
Certamente concordarão também que na ânsia de inovar e de estar sempre mais à frente da concorrência, na ânsia de convencerem o consumidor a visitar as vossas lojas e lhe venderem os vossos produtos, inventaram uma nova forma de fazer publicidade: Aquilo a que muitos de nós há anos chamamos apenas de fazer LIXO.

Pensava eu que a Media Markt, empresa alemã de renome, originária portanto de um país no qual tive o prazer de viver e cujos hábitos ecológicos muito aprecio, teria um mínimo de cuidado com o impacto ambiental causado pelas suas acções. Mas percebo agora que estava enganado...

Consultando a Lei da Publicidade (Lei n.º 6/99 de 27 de Janeiro) verifico que as coimas a aplicar para tais procedimentos oscilam entre os 2.000 Euros e os 30.000 Euros. Interesante deveras... Uma vez que já gastaram muito dinheiro com a impressão de 50 milhoes de panfletos (a média no meu prédio é superior a 5 panfletos por habitante, e em Portugal por enquanto somos só 10 Milhões...) não gostaria nada de ter de fazer queixa contra voçês ao Instituto do Consumidor.

Pensem bem no que andam a fazer e que isto não se repita.

Atenciosamente,


És um pato, ou não és um pato?